Preparem-se que a história é longa. Post de Cássio.
Como vocês já devem estar conseguindo imaginar, aqui tudo é muito lento. Então não será surpresa se eu disser a vocês que a sexta-feira 13 deu as caras somente na terça-feira 17.
Seguinte, há mais de uma semana, estamos programando nossa ida ao mercado, que fica do outro lado da cidade. Maaaas todo dia Murphy aparecia e nos dizia para não ir. Carro quebrado, reunião até mais tarde, colegas que sabem chegar sem disponibilidade e chuvas torrenciais na região foram alguns dos argumentos dele.
Porém, a situação periclitante, eu de frente já pareço que estou de lado e de lado pareço que fui embora. Will agora é só pêlos..ehuehuehu Precisamos comprar comida. Dessa terça não passa. Dia tranquilo na agência, pauta mais light, Acertamos de sair mais cedo e ir ao Shoprite, mercado indicado pelos Mawngolês ( vai pro dicionário em breve, significa brasileiros que já estão habituados aqui.), que fica em Luanda Sul, área nobre da cidade.
Nosso amigo Messias, que havia se comprometido de nos levar, ficou impossibilitado, mas resolvemos nem dar ouvidos à Murphy e fomos com o motorista que Messias providenciou. Saímos da agência às 18:10 e começamos nossa aventura.
Na ilusão de que ia abreviar o engarramento monstro que havia, botei os fones de ouvido para não ver e, claro, não ouvir nada. Não ouvir foi fácil, mas não ver, não tem como. Primeiro susto, ainda no começo, um indivíduo guiando uma moto muito prudentemente caiu ao nosso lado. O primeiro “Purra” da noite. Seguimos. Em determinado momento, quando eu estava olhando a paisagem nada agradável de um lado, com muitas moradias em condições desfavoráveis e sem energia elétrica, e Will olhando o trânsito do outro lado, senti que o tempo ia parar ali, naquele momento.
Quando não aguentava mais as 450 músicas do meu Mp3, mais um “purra”: Em momento de trânsito um pouco mais livre, uma candonga enfiou o pé no acelerador e a cara em outra candonga que estava parada na frente ( Eu já disse…eles n usam freio…). Vimos tudo, ela suspendeu a traseira com a pancada e engavetou uns quatro carros. Parecia uma coqueteleira de gente. Tudo mexido, mas parece que ninguém se machucou, ainda bem. Mais à frente, vimos outra candonga que foi passar em uma poça e percebeu que o buraco era bem mais embaixo…ficou inclinada e sem poder andar. Nessa mesma hora, uma moto passou por nós e deu uma “pegadinha” na lataria do carro. Coisa boba, pancada suficiente para eu ouvir do meu mundinho paralelo dos fones no ouvido. Vamos lá. Depois de nos perdemos um pouco, conseguimos chegar no glorioso Shoprite. Detalhe que Will ainda viu uma cena que não percebi. Um Caminhão com uma carga imensa passando embaixo do viaduto, um pouco à nossa frente. Raspou o viaduto, mas ele achou que não ia dar…fortes emoções mesmo.
Chegamos no Shoprite, vamos lá!
Lista nas minhas mãos, dois perdidos, mas guerreiros, vamos às compras. Pra começo de conversa, ainda na terceira fileira de pesquisa, faltou luz e o mercado ficou totalmente às escuras por bem uns cinco minutos. Eu, claro, medroso, fiquei tenso. Nos enxergávamos pelas luzes dos celulares. Will ria…
Luz voltou, seguimos enchendo o carrinho. Aí, enquanto escolho o leite em pó, me vem um indivíduo entre o carrinho e a prateleira, com um estilete na mão, abre o estilete, olha pra minha cara. Eu olhei pra cara dele tempo suficiente para ele dar duas voltas de abrir e fechar o estilete. Ele viu que não me assustei…perguntou se eu queria comprar. Friamente, respondei que não e agradeci. Deve ser normal aqui… mas teve mais.
Na hora dos sucos, tive a infeliz ideia de colocar a lista de compras sobre a prateleira vazia. Meu TDAH agiu (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e esqueci a lista na prateleira. Lógico que quando notei, fui correndo buscar…e me bati com um cabra de minha altura, ( me bati de me bater mesmo, esbarrei!). O cara não gostou, olhou pra minha cara e disse: “ E aí”? Eu disse: “chupa toda…auahuaahu” (brincadeira..) Eu virei pra ele disse que estava tudo bem e sai sem olhar pra trás, mas com o Zé de Coió no ponto….não achei a lista, falei com Will, ele foi e achou. Bom menino. Acho que fiquei nervoso..euehuehuehu.
Seguimos as compras, eu já doido para ir embora. Não achamos nem sal, nem açúcar, nem nata ( creme de leite). Fomos pro caixa. Lá chegando, a mulher parecia que tinha “bebido” gás hilariante…só fazia rir. Depois de três horas pra registrar as compras, ela queixou um suco para Will…
Não, não é cansaço pelo texto longo que você está lendo, vou repetir: A mulher do caixa queixou um suco para Will…óbvio, negado.
Na volta, ainda vi uma carreta ( carreta mesmo, dessas de levar contêiners) ignorar um canteiro central e passar por cima literalmente do que via pela frente…devia estar atrasado..já eram quase 22:30….Bom…quero mais brincar de mercado não…..deixa isso para os super-heróis.
Quando chegamos em casa, Will ainda recebeu um recado que mostra que brasileiro que se acha malandro pensa que acha otário em qualquer lugar. Mas somos novos em Angola, não somos novos no mundo. Não vão fazer ninguém de besta aqui não.
Aquele abraço.
Cássio
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"eu de frente já pareço que estou de lado e de lado pareço que fui embora"..hahahahah...chorei com esse post!!!! Só vc mesmo, Cassinho!!!
ResponderExcluirBjoooooooooooooooooos...mts, mts, mts!!!
SAUDADEZONA!!!
hauhauahuahauah Bala! Aí é tudo barato e a mulher do caixa ainda queixa o suco! hehehe
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